Por: Maria Gabriela Guidini
A nova mentalidade de consumo pós-pandemia diante de um cenário instável e uma geração focada em ideais concretos.

A moda é um reflexo das mudanças que ocorrem na sociedade, após grandes acontecimentos que marcaram a humanidade, grandes revoluções se desencadearam e ditaram novos padrões de vestimenta.
Após a Primeira Guerra Mundial, tendo como percursora Gabrielle Chanel, o posicionamento da mulher no mercado de trabalho, entre outros fatores de aceleração global, levaram as mulheres a adotar um vestuário com um toque mais masculino. Os adventos da Segunda Guerra trouxeram o New Look através de Christian Dior, um visual de cintura marcada com saias amplas e rodadas, uma resposta alegre aos tempos de pós-guerra.
É fato que esses momentos de alto impacto na humanidade refletem em aspectos econômicos, sociais e comportamentais. E agora, diante da pandemia do coronavírus, a moda tem sua resposta através do comportamento dos consumidores: ideais a cada vez mais centrados, sensibilização, empatia e sustentabilidade.
Enquanto lida com as incertezas da pandemia, o novo consumidor está engajado em debater, questionar e cobrar as marcas com que se relaciona por posicionamentos e atitudes em relações a temas globais, se afastando totalmente de empresas que não compactuam com seus valores.
A pandemia também levantou o sentido de comunidade, as pessoas estão a cada vez mais se voltando para o comércio local e se identificando com negócios em que sentem que vale a pena o investimento, onde ele enxerga os processos e há certa transparência quanto as condições que envolvem toda a cadeia de produção.
Outro ponto que ganha bastante relevância é a desmaterialização, o conceito de que “menos é mais” é altamente difundido e o ato de consumir ganha novos significados, pautados por uma atitude questionadora, onde a aposta é em itens que possuem maior durabilidade, viés sustentáveis e todo um significado por trás da sua concepção.

Diante da dualidade de um tempo que envolve incertezas políticas, dificuldades econômicas, questões socioambientais, entre muitos outros fatores, o consumidor sente a instabilidade que desencadeia certa ansiedade e incertezas sobre o futuro. Mas, a reação não é de recuo e sim de luta, o que gera os sentimentos de esperança, liberdade e ânsia por cenários melhores.
A pandemia só acelerou esses movimentos que já acompanhavam esses questionamentos e preocupação tanto em termos ambientais, quanto sociais. E a mensagem é muito clara: quem não se adapta e se reinventa, buscando cada vez mais estar conectado a esse posicionamento, não está preparado para caminhar junto a uma geração a cada vez mais questionadora.