Dia 11 de outubro deste ano, a Companhia Industrial Cataguases ou simplesmente Cataguases, como é conhecida, completou 84 anos. Fundada em 1936 na cidade mineira da qual herda o nome, a empresa se define como a mais avançada indústria de fabricação de tecidos leves de algodão do Brasil e uma das maiores do mundo. “Nossos produtos estão presentes em mais de 20 países, em especial nos que ditam os padrões da moda mundial. Isto é possível porque, desde o princípio, investimos em tecnologia de ponta e na profissionalização de nossos colaboradores, mantendo a qualidade e a sustentabilidade em primeiro lugar”, comenta orgulhoso Tiago Inácio Peixoto, Diretor Comercial da Cataguases.
Oriundo do mercado financeiro, Peixoto é formado em economia e por nove anos atuou em bancos de investimento. Ele, que também é investidor em startups, assumiu a diretoria comercial da Cataguases em 2017. “Entrei em um período especialmente turbulento para nós”, disse ele em live realizada em setembro, para o projeto Caçador de Negócios, do consultor empresarial Roberto Vilela. O diretor comenta que o momento fez com ele precisasse se ambientar em tempo recorde aos negócios da empresa. Mas, o apoio da diretoria foi fundamental. “Eu tive a sorte de ter vários professores ali na diretoria da empresa, além do meu pai”, diz.
Entretanto sua experiência no mercado externo trouxe o conhecimento necessário para virar o leme da companhia em direção de novas águas. “Eu tenho uma missão aqui na Cataguases como diretor comercial, que é respeitar o nome dela de uma maneira geral, mas dar uma apimentada de arrojo e ousadia. De fazer o novo. De testar o novo. Essa é minha missão aqui”, descontrai.
COLABORAÇÃO PARA TEMPOS TURBULENTOS
E a oportunidade de “fazer o novo” veio justamente durante a pandemia do novo coronavírus. Com o segmento têxtil no Brasil e no mundo seriamente prejudicado pelo surto, Tiago Peixoto inovou ao anunciar uma parceria entre a Cataguases e a Dalila para a produção de tecidos antivirais. A explicação dele para a colaboração entre duas empresas que, para todos os efeitos, seriam concorrentes trouxe o tom assertivo de simplicidade que tempos desafiadores demandam.
O diretor comentou que investir em desenvolvimento de um acabamento antiviral in house demandaria investimento em pesquisa e desenvolvimento, enquanto a parceria seria um caminho mais curto rápido para beneficiar seus clientes. “Por que eu começaria do zero ao invés de dar a mão para a Dalila? E foi assim que a gente fez.”
“O setor têxtil tem partido para caminhos cada vez mais tecnológicos, por isso buscamos fornecedores e parceiros químicos que nos ajudassem a aplicar a tecnologia em qualquer das nossas bases de tecido. Tivemos um grande cuidado em todo o processo até o produto final, alinhado aos nossos pilares de sustentabilidade, disponibilizando ao mercado malhas com muitos benefícios para o meio ambiente e de componentes genuinamente nacionais”, comenta André Klein, CEO da Dalila Têxtil.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, essa parceria é um exemplo do que pode ser feito para maximizar o capital investido pelas empresas, já que passam a atuar no esquema de cooperação. “Essa crise, muito dolorosa para todos, está nos ensinando uma série de lições. A principal é que só sairemos dela de forma conjunta, como mostra a iniciativa de Cataguases e Dalila Têxtil, que unem suas forças e competências para gerar um valor muito maior do que seria gerado individualmente”, diz.
O E-COMMERCE E O FUTURO
Além da colaboração, o executivo ressaltou o papel do e-commerce como caminho para sobreviver à pandemia, comentando que o modelo atende bem pequenas confecções e designers, sendo um novo nicho de mercado. “Precisávamos ampliar o acesso ao pequeno e médio cliente e o e-commerce atende esse perfil de cliente”, explica. Entretanto, o diretor não esconde os desafios de entrar em uma nova seara. “A gente está começando esse modelo para acessar esse cliente. É quase um negócio novo. É quase uma startup, a gente está começando do zero”, brinca.
Ainda que tenha sido um ano desafiador, Tiago Peixoto é otimista em relação ao mercado. “Esse ano vai ser difícil, mas um ano de conquistas. E já estamos nos preparando para 2021. Os prognósticos são bons”, finaliza.
FONTE: Revista Têxtil 769